Cintura fina e pernas grossas? Nem sempre é obesidade, pode ser lipedema
Adriana Vilarinho
27/04/2020 04h00
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Nem todas as pessoas com cintura fina, quadril largo e pernas grossas possuem algum grau de obesidade. Essa condição também poder ser lipedema, uma desordem do tecido adiposo pouco conhecida, porém muito comum, que se estima atingir uma em cada dez mulheres.
A doença, que é crônica, progressiva e desencadeada ainda na adolescência, tem como característica a deposição de gordura em determinados locais do corpo como quadril, coxas, panturrilhas e até mesmo nos braços.
É frequente pacientes se queixarem de pernas "desproporcionais" ao restante do corpo, o que as leva a entrarem em ciclos viciosos de dietas, que por vezes não são satisfatórias, devido à dificuldade em diminuir as medidas, principalmente dos membros inferiores.
Isso acontece, porque essa gordura "doente" não responde a exercícios físicos nem à dieta. Essa relação com a alimentação vai piorando com os anos, o que dificulta ainda mais o diagnóstico da doença.
Os principais sintomas são dor, hipersensibilidade ao toque, acúmulo de gordura da cintura até os joelhos ou tornozelos, perda da elasticidade da pele, hematomas frequentes, cansaço, inchaço, desconforto e até limitação de movimentos nos quadros mais avançados. É possível, ainda nestes casos, a associação com o linfedema (doença do aparelho linfático, não da gordura).
O tratamento para alívio da dor engloba uso de meias de compressão, melhora da alimentação e consumo de alimentos com propriedades anti-inflamatórias, além de evitar açúcar refinado e bebidas alcoólicas.
Muitas pacientes se beneficiam também com a drenagem linfática manual e de exercícios físicos de baixo impacto, como a hidroginástica. Porém, vale lembrar que estas medidas apenas controlam os sintomas e não diminuem os depósitos de gordura e, por isso, é de extrema importância o acompanhamento médico.
O tratamento definitivo é com a lipoaspiração, porém feita por profissionais com especialização no tratamento da doença, já que é necessário o uso de técnicas que permitam remover a gordura sem machucar os vasos linfáticos. Esse procedimento melhora o aspecto dos membros afetados, bem como a dor, o inchaço e a qualidade de vida, de maneira geral. O uso de meias compressivas e as drenagens linfáticas são muito importantes também após a cirurgia.
Para que o pós-operatório seja ainda melhor é possível lançar mão da radiofrequência, de tratamentos estéticos por micro-ondas e também dos bioestimuladores. Essas tecnologias permitem diminuir a flacidez que costuma ocorrer em algumas regiões do corpo após o procedimento de lipoaspiração, estimular a produção de colágeno e remodelar a região tratada.
Sobre a autora
Adriana Vilarinho é graduada pela Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, especialista em dermatologia pela Associação Brasileira de Medicina e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da qual é membro. Também faz parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e da American Academy of Dermatology.
Sobre o blog
O que a gente chama de beleza é o reflexo da saúde. Uma pele bonita é uma pele saudável, cabelos bonitos são cabelos saudáveis e por aí afora. Este é o espaço para quem busca orientações dermatológicas confiáveis, sempre visando o bem-estar, com dicas que muitas vezes podem ser até bem simples e descomplicadas, mas que são sempre baseadas na experiência médica.